Sociedade dos Poetas Anônimos

Um bando de desocupado filosofando sobre poesias, filosofias, idéias e afins.

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quinta-feira, maio 01, 2003

 
Lua

Olho para o céu escuro e vasto
A procura de um alguém, meu norte
Um brilho celeste, ideal de astro
Cura da alma, salvação da morte

Em meio a busca que me desespera
Ao acaso meus olhos te vêem, branca
Tamanha palidez que causa inveja
Aos lencóis que cobrem minha cama

Convidando-te ao meu alvo leito
Para seres minha eterna amante
Emoldurada sob a cama, nua

Sinto em mim forte pulsar no peito
Por seres da noite minha constante
Sob a noite eternizada, Lua

João Francisco A. Enomoto
 
Um minuto de silêncio

Um minuto de silêncio
Pelos milhões que morreram
Nas mãos de um tirano opressor.

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Pensamento pro 1º de maio: Ironia. No dia do trabalho ninguém trabalha.

João Francisco A. Enomoto

terça-feira, abril 29, 2003

 
Brasília 5:31
(Herbert Vianna)

Quartos de hotel são iguais
Dias são iguais
Os aviões são iguais
Meninas iguais
Não há muito que falar sobre o dia
Não há do que reclamar
Tudo caminha
E as horas passam devagar
Num ônibus de linha
Passos no corredor, alguém se aproxima
E uma voz estranha diz: "Bom Dia"
Posso pedir os jornais
Pedir o jantar
Ligar pra tantos ramais
Ninguém pra falar
Sobre o vermelho que abre este dia
Tudo está no lugar em que não devia
O mundo sai pra trabalhar
Enquanto eu abro a água fria
Um estranho no espelho
Eu quase nem me conhecia
E uma voz estranha diz:
"Bom dia!"

João Francisco A. Enomoto
 
Só retificando: o blog é nosso...

Meu e de todos que dele participam...

João Francisco A. Enomoto

domingo, abril 27, 2003

 
Lua

És a constante amante do poeta romantico. És reles satélite ao poeta modernista. Por que tu, Lua, és tão idolatrada em versos? Em meus versos!

Dois poemas são base ao meu texto poético, ou assim o defino. Satélite, de Manuel Bandeira, e sua imagem desmisficada da Lua; Soneto à Lua, de Vinícius de Moraes. Quem quiser entender melhor acho que convém dar uma procurada nestes dois poemas. A questão fundamental é: por que o poeta romântico (e digo romântico não como sendo pertencente ao movimento literário, mas sim aquele que tem como temática o amor) coloca a Lua em pelo menos um de seus versos ou poemas?

Talvez se deva ao fato de representar a noite. Símbolo da noite e talvez da volúpia, do prazer. Afinal, a noite é que tudo fica mais mágico ao amantes. É quando o menor gesto de repente torna-se o princípio do gozo. A noite representa algo muito mais mágico.

O ideal de mulher poderia ser outra interpretação. Branca, bela, a única a quem confessamos nossos pecados quando estamos sozinhos. A única compania que temos quando estamos sozinhos. Nos versos do poeta que exalta a Lua, há uma "materialização" desta enquanto versos. Mas do que isso, a Lua é aquela a quem se dedica os versos, tal qual uma amada.

Minha hipótese mas racional, embora não haja racionalidade no lirismo, é que a Lua não seja um ideal de amante, de mulher, mas sim de amor. A Lua é o amor platônico. A Lua é aquela que cobiçamos ferozmente, desejamos com ímpeto, sendo que a Lua é um amor. É um amor que almejamos, idealizado, mas quase impossível de ser alcançado. Claro que há suas exceções, há quem toque o amor eterno, sinta-o e viva-o em cada momento de sua vida, mas são poucos os privilegiados. A Lua é o amor que está sempre presente, todos os dias de nossas vida. Às vezes não se vê, mas sabemos que ela está lá, em algum lugar do céu ou do coração. Nossa eterna amante branca, amante constante, pois amar o amor é o amor platônico.

Idealizado e utópico, não sou mais criança de acreditar em tal lenda, pois amor verdadeiro nunca há de existir. Mas persisto tolo, pois assim sou mais feliz.

PS: de fato, o bloco de pensamentos sobre a Lua começou na letra da música que inspirou minha discussão (Tendo a Lua), tem por meio esta dissertação e terminará com um poema meu. Postarei em breve.

PS: Gabi, se você puder coloca comments no Blog, pra poder permitir dicussões e tudo mais. Qualquer coisa eu peço pro Luiz ou Malk.

João Francisco A. Enomoto